Falsas memórias























Na década de 1940, o neurocirurgião Wilder Penfield encontrou em seus pacientes uma forma de se lembrarem de informações aparentemente aleatórias - o cheiro de biscoitos, por exemplo - estimulando diferentes áreas cerebrais com choques elétricos. Dois estudos já encontraram evidências para apoiar a teoria de armazenamento de memória que Penfield descobriu. A pesquisa, em camundongos, demonstra que é possível manipular as células do cérebro para criar memórias falsas.

Mark Mayford do Instituto Scripps Research em San Diego, Califórnia, e seus colegas desenvolveram geneticamente ratos de modo que quando o cérebro dos ratos era estimulado com drogas, os neurônios respondiam aos estímulos.

A equipe colocou os ratinhos individualmente dentro de uma caixa na qual cada um foi exposto a uma cor e odor, estimulando um grupo de neurônios para formar uma memória condicionada. Por causa desses neurônios estimulados durante o processo de formação da memória, a memória poderia ser reativada quando a droga fosse injetada, permitindo que os pesquisadores pudessem induzir uma memória involuntária no rato de quando ele estava dentro da caixa.

Em seguida, os pesquisadores colocaram cada rato em uma segunda caixa, com diferentes cores e cheiros. Eles injetaram a droga, fazendo com que o rato se lembrasse da primeira caixa, e depois deram-lhe um pequeno choque elétrico.

Normalmente, o choque seria para incentivar o rato a temer o  ambiente que se encontrava naquele momento, a segunda caixa porém o rato ficou chocado enquanto  se lembrava da primeira caixa. Por conseguinte, desenvolveu-se uma mistura de medo de ambas as caixas criando um ambiente imaginário. A única vez que o rato entrou em pânico foi quando estava na segunda caixa na qual a droga foi injetada.

Mayford diz que esta memória "híbrida" falsa sugere que dois grupos diferentes de neurônios codificam cada memória e não interferem uns com os outros.

"Parece algo que minha mãe dizia: se você quiser lembrar de algo, vá para o lugar que você aprendeu isso", diz Sheena Josselyn do Hospital para crianças doentes, em Toronto, Ontário, Canadá. "O fato de que você pode introduzir novos bits de informação na memória abre todo um novo universo de pesquisa."

Susumu Tonegawa, do MIT (Massachusetts Institute of Technology) relata uma maneira diferente para criar falsas sensações. Os ratinhos foram geneticamente modificados de modo que quando se formou uma memória de uma caixa, os neurônios envolvidos tornaram-se sensível à luz.

Enquanto o rato estava formando a memória dentro da caixa, a equipe Tonegawa deu-lhe um choque elétrico. Então eles colocaram o rato em uma caixa diferente e deram pulsos de luz através de fibras óticas implantadas no cérebro do rato. Isso ativou os neurônios associados com a memória e não importava aonde, o rato estava paralisado, com medo de um choque.

Quando os pesquisadores analisaram quais neurônios foram ativados, eles descobriram que cerca de 2 por cento das células em uma área específica do hipocampo - centro de memória do cérebro - estavam envolvidos. Tonegawa diz que o método poderia ser utilizado para induzir a diferentes tipos de comportamento complexo em ratinhos com base nas suas experiências. Em seguida, seu laboratório pretende ver como as partes do cérebro se conectam para paralisar o rato. Esta é a "experiência definitiva" para mostrar que as memórias são mantidas em áreas separadas do cérebro, diz ele.






Fonte: NewScientist



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